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matéria de poesia, 2008 - 2013 

Matter of Poetry, 2008-2013
grupos de A-Z, 6 impressões em jato de tinta sobre papel Canson Rag Photographique 310gr, 2 caixas em acrílico e PVC contendo slides e versos de Manoel de Barros 
75 x 110 cm cada imagem 
15 x 10 x 3 cm cada caixa 
225 x 210 cm em cada grupo

groups from A to Z, 6 ink jet prints on Canson Rag Photographique paper 310gr, 2 boxes on Plexiglass and PVC, containing slides and verses by Manoel de Barros
75 x 110 cm each image
15 x 10 x 3 cm each box
225 x 210 cm in each group


Criados a reboque do desejo de encantamento que o ser humano sempre buscou nas imagens projetadas, os slides são fruto de uma tecnologia popularizada durante algumas décadas do séc. 20 e hoje estão totalmente obsoletos. São signos de uma época em que o ato de ver imagens era um hábito social, compartilhado com os amigos, com a família e sua contemplação era, ao mesmo tempo, a própria celebração do ato de contemplar e compartilhar. Além disso, o que difere os slides das fotografias que se colecionavam em álbuns, alguns anos atrás, é a questão da quantidade. Seu valor “unitário” é irrisório; slides são feitos e colecionados às dúzias, às centenas e aos milhares. 

Partindo do princípio do acúmulo, sugerido pela própria natureza do material – o filme –, não ao longo do tempo de projeção de imagens, mas sim, pela sobreposição das películas, o que se obteve pela saturação da imagem foi um “desvio para o preto”, um apagamento da cor, em preto. Um ponto em que a condensação de informação sobreposta gerou um quase apagamento da própria imagem. Aí, restou apenas a poesia proveniente da matéria e da lembrança. 

Todas as imagens geradas são muito parecidas, mas totalmente diferentes, pois partem de slides diferentes, usados apenas uma vez. Reunidas, as imagens formam uma única paisagem, ou melhor, um único apagamento de paisagem. Cada condensação de imagem dos slides sugere uma paisagem única que se completa na condensação que está ao lado e assim sucessivamente. Por isso, cada condensação é única e, portanto, na série Matéria de poesia, as tiragens são únicas.

O texto que está associado às imagens pertence ao universo literário de Manoel de Barros, poeta brasileiro nascido no Mato Grosso, em 1916, mestre da criação de neologismos e de figuras poéticas a partir do prosaico, do simples, do chulo, do infantil, do lixo e do próprio “nada”. 


Rosângela Rennó, 2008-2009




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