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câmera obtusa, 2022-2023

Obtuse Camera, 2022-2023
câmera, faiança vitrificada com elementos do repertório de Bordallo Pinheiro. 
28 x 22 x 18 cm
vitrified faience with elements from Bordallo Pinheiro's repertoire
28 x 22 x 18 cm

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© Bordallo Pinheiro Factory
© Bordallo Pinheiro Factory
© Bordallo Pinheiro Factory
© Bordallo Pinheiro Factory
© Bordallo Pinheiro Factory

A ideia da fotografia como documento nasceu ligada ao princípio físico da câmera obscura, na medida em que tudo o que atravessasse espectralmente aquele espaço mágico que existe dentro do aparelho fotográfico seria capturado para sempre em uma superfície frágil, de vidro, filme ou papel. Essa prática está prestes a desaparecer, mas percebemos certos redutos de resistência, em certos objetos aparentemente inocentes de nossa vida cotidiana. A existência da imagem da câmera em objetos ‘não fotográficos’ significa que talvez tenhamos que proteger a história da fotografia de um possível esquecimento, principalmente agora, uma época em que a produção de imagens parece estar sujeita à comunicação entre usuários de smartphones.

Eu sempre quis criar um desses objetos falsamente inocentes que imitam uma câmera, mas não fazem nenhuma fotografia. Na cena construída na faiança, uma dúzia de animais invadem e/ou escapam de uma câmera Rolleiflex. O animismo da fauna bordaliana parece ajudar a câmra a resistir à ideia da obsolescência compulsória. Sem saber muito bem como se comportar, a câmera pode ter perdido o foco ou até mesmo a noção de sua utilidade. Na epifania desses animais fantásticos, não importa se eles entram ou saem da câmera obscura, nem quem é o sujeito ou a representação, o criador ou a criatura. O instantâneo tornado permanente deve persistir enquanto o feitiço não for quebrado, antes do fim do mundo como o conhecemos.


Rosângela Rennó, 2023
The idea of photography as a document was born linked to the physical principle of the camera obscura, to the extent that everything that spectrally crossed that magical land inside the photographic device would be captured forever on a fragile surface, on glass, film or paper. This practice is on the verge of disappearing, but we perceive pockets of resistance in certain apparently innocent objects of our daily lives. The existence of the camera image in ‘non-photographic’ objects means that we might have to protect the history of photography from a possible oblivion, at a time when the production of images seems to be subject to communication between smartphone users.

I have always wanted to create one of those falsely innocent objects which imitate a camera but don’t take any pictures. In the constructed scene, the animism of the Bordallian fauna invades a Rolleiflex camera reproduced in faïence, with a dozen animals invading and/or escaping from the apparatus, trying to resist the idea of being obsolete. Without knowing very well how to behave, it may have lost focus or even have lost the notion of its usefulness. In the epiphany of these fantastic animals, it doesn't matter if they enter or leave the camera obscura, nor who is the subject or representation, creator or creature. The snapshot made permanent is meant to persist as long as the spell is unbroken, before the end of the world as we know it.


Rosângela Rennó, 2023


cabeça, corpus e membros, 2022

Heads, Corpus and Limbs, 2022
instalação com textos, duas pinturas e quatro objetos do acervo do Museu Penitenciário Paulista (MPP) e quatro impressões digitais da série Cicatriz (1996), realizadas a partir de negativos fotográficos do MPP 



installation with texts, two paintings and four objects from the Museu Penitenciário Paulista collection and four digital prints from the series Scar (1996), made from photographic negatives from the MPP

© Rodrigo Reis

Peças componentes:

Linguagem jurídica x linguagem carcerária, s/data / 2022                                                   
textos em vinil autoadesivo sobre painel, inspirado em peça pertencente ao MPP, São Paulo                                    
240 x 540 cm 

s/título (torso com braço e faca), 1996/2022                                                                  
da série Cicatriz (1996), a partir de negativo do Museu Penitenciário Paulista        
 impressão digital em papel fine art, adesivada sobre ACM                                                     
75 x 62 cm

s/título (braço com leão), 1996/2022                                                                       
da série Cicatriz (1996), a partir de negativo do Museu Penitenciário Paulista        
 impressão digital em papel fine art, adesivada sobre ACM                                                     
40 x 28 cm

s/título (retratos com pinta), 1996/2022                                                                  
da série Cicatriz (1996), a partir de negativo do Museu Penitenciário Paulista        
impressão digital em papel fine art, adesivada sobre ACM                                                     
díptico 35 x 38,5 cm cada

As mentes criativas brincam com os objetos que amam, 1997                                
Acervo do Museu Penitenciário Paulista, São Paulo, técnica mista sobre papel              
[autor: Camargo]                                                                                                        
72 x 52 cm

Braço, 1936                                                                                                     
Acervo do Museu Penitenciário Paulista, São Paulo, óleo sobre tela                          
[autor: José Vaz de Farias]                                                                                        
107 x 67 cm

s/título (elmo), s/data                                                                                        
Acervo do Museu Penitenciário Paulista, São Paulo, metal fundido e plástico              
[Autor não identificado]                                                                                               
23,5 x 17,5 x 17,3 cm

s/título (pena, papel e tinteiro), s/data                                                                
Acervo do Museu Penitenciário Paulista, São Paulo, metal fundido e madeira               
[Autor não identificado]                                                                                               
31,5 x 43,5 x 17,3 cm

máquina artesanal de tatuagem, s/data                                                                
Acervo do Museu Penitenciário Paulista, São Paulo, materiais diversos                                               
22 x 17,5 x 17,5 cm

balança artesanal, s/data                                                                                               
Acervo do Museu Penitenciário Paulista, São Paulo, plástico, madeira e metal                          
22 x 17,5 x 17,5 cm


In 2014 I returned to the former "Carandiru complex", which until the beginning of the 21st century was a sort of central nervous system of the prison system in the city of São Paulo. I went to visit the premises where I worked with the photographic collection and realized that the Penitentiary Museum would soon get its own building! In 2022, the curators of the exhibition A parábola do progresso at SESC Pompeia, in São Paulo, asked me to create a dialog between Cicatriz, my first work of intervention at the still embryonic Penitentiary Museum, and the collection currently exhibited there, in response to recent interrogations about the notion of modernity in Brazil in the early 20th century. The result was an amalgam of what I saw in the Museum with what unfortunately has not yet received proper attention: the fabulous collection of photographic glass negatives, still pulsing inside the steel boxes in which I left them almost 30 years ago. Heads, bodies and limbs still lack a peripheral nervous system to embrace them.


Rosângela Rennó, 2023


outros textos


other texts

projeto Terra de
José Ninguém
, 2021

Mr. Nobody’s Land Project, 2021
audiovisual em quatro eixos/telas de projeção A vida de José Ninguém / José Ninguém se pergunta / O grito da terra / Vida em construção, a partir de diapositivos originais de conteúdo pedagógico dos anos 1970-80, produzidos pelo Centro Gaúcho de Audiovisuais, dos Salesianos de Dom Bosco 
edição de vídeo: Fernanda Bastos, edt. e Isabel Escobar
trilha sonora original: O Grivo

audiovisual on four axis/screens: Mr. Nobody’s Life; Mr. Nobody Asks Himself; The Cry of the Earth; Life under Construction, from original slides with educational content from the 1970s and 1980s, produced by the Audiovisual Center of Rio Grande do Sul, from Salesianos de Dom Bosco 
video editing: Fernanda Bastos, edt. and Isabel Escobar
original soundtrack: O Grivo


© Isabella Matheus
© Isabella Matheus
© Isabella Matheus
© Isabella Matheus


Eixo 1: A vida de José Ninguém
diapositivos da narrativa EL HOMBRE QUE NO ERA HOMBRE, produzida pelo Centro Salesiano Catequístico de Madrid (reprodução) 
duração: 26''
texto e locução: Rosângela Rennó
captura de voz: Rodrigo Gavião
colagens digitais: Isabel Escobar e Rosângela Rennó

Eixo 2: José Ninguém se pergunta
imagens a partir de capas de revistas e livros de diversos autores, em português, espanhol, ingliês e/ou francês 
duração: 26'

capas de livros: Sérgio Henrique ABRANCHES (Companhia das letras, 2019); Marcelo AGUIAR (Betânia, 2019); Alain BADIOU et al (Eterna Cadencia, 2014; Casus Belli,  2016); Pedro AMBRA (Annablume, 2015); Edward D. ANDREWS (Christian Publishing House, 2018); Sherry ARGOV (Sextante, 2002); Zygmunt BAUMAN (Climats, 2009; Zahar, 2011; Polity Press, 2013; Zahar, 2015; Ekho-Dunod Editions, 2019); Caroline Silveira BAUER (Paço Editorial, 2017); Samuel BECKETT (Grove Press, 1964; JM [Serie del volador],1966; Iluminuras, 2000); Luis Henrique BEUST (Bahai do Brasil,  2017); Joice BERTH (Letramento, 2018); Leonardo BOFF et al. (Vozes Nobilis, 2016); Francisco BOSCO (Todavia, 2018); Guilherme BOULOS (Boitempo, 2015); Daniel BOVOLENTO (Outro Planeta, 2018); Michelle BOWDLER (Macmillan Publishers, 2020); Luiz Philippe de Orleans e BRAGANÇA (Novo Conceito, 2017); Kerry BROWN (Penguin Specials, 2015); Alan BURDICK (Text Publishing, 2017; Plataforma Actual, 2018; Todavia, 2020); Ale CALAZANS (Forma Cultural, 2020); J.J. CAMARGO (L&PM, 2015); Caio de Almeida CARDOSO (Clube de Autores, 2020); Anderson CAVALCANTE (Buzz, 2018); Mario Sergio CORTELLA et al. (Vozes Nobilis, 2009; Cortez, 2013; Papirus 7 Mares, 2013/2020; Planeta, 2016); Mia COUTO (Companhia das Letras, 2011); Manuela D’AVILA (Planeta, 2019); Marilá DARDOT  (desenhos) (Ikrek, 2016); Acemoglu DARON et al. (Alta books, 2012;Deusto, 2012; Crown Business, 2013); Erich von DÄNIKEN (Melhoramentos, 1969; Berkley Publishing Group, 1980; Corgi Books, 1983); William DAMON (Summus, 2009); David EVAN (The Jonah Press, 2006); Helen FISHER (Taurus, 2005; Record, 2006; Rocco, 2010); Hal FOSTER (Verso Books, 2020; Ubu, 2021); Eduardo GIANETTI (Companhia de Bolso, 2007); Kate Fitz GIBBON (Rutgers University Press, 2005); Flávio GIKOVATE (MG, 1978; MG1989); Seth GODIN (Piatkus, 2010;Agir, 2010); Camila GÓES (Alameda, 2018); Ezequiel GOMES (Reflexão, 2017); Will GOMPERTZ (Zahar, 2013); Claire GORDON (Pensamento, 2003); John GOTTMAN et al. (Fontanar, 2014); Sue GRAVES (Moderna, 2013); Bell HOOKS (Rosa dos Tempos,  2019); Jim HOLT (RBA Libros,  2013); Alexander HERZEN (Cornell University Press, 1984); Jim HOLT (Intrínseca, 2013); Bill HYBELS (Betânia, 2019); Carlos JÚLIO (Planeta Estratégia, 2020); Ezra KLEIN (Avid Reader Press / Simon & Schuster, 2020); Ailton KRENAK (Companhia das Letras, 2019); Hans KÜNG (Editorial Trotta, 2002); Erik Bertrand LARSSEN (Vozes Nobilis, 2016); Vladimir Ilitch LENIN (Akal, 2015; Boitempo, 2020); Primo LEVI (Rocco, 2013); Steven LEVITSKY et al. (Zahar, 2018; Ariel, 2018); Toby LITTLE(Fontanar, 2017); Michael LOWY (Boitempo, 2016); Daniel Braga LOURENÇO (Elefante, 2019); Erwin W. LUTZER (Cpda, 2005);Kishore MAHBUBANI (Allen Lane and Penguin, 2018; PublicAffairs, 2020); Miguel MAHFOUD (Artesã, 2017); Dominique MAGALHÃES (Gente, 2016); Isabel Minhós MARTINS et al. (Tordesilhinhas, 2011); Pe. Fábio de MELO (Planeta, 2018); Fátima MESQUITA (Panda Books, 2018); Jen Pollock MICHEL (Ultimato, 2016); Jan-Werner MÜLLER (University of Pennsylvania Press, 2016; Grano de Sal, 2017); Randall MUNROE (Companhia das Letras, 2014); Renato NOGUERA (Harper Collins, 2020); Suzanne O’SULLIVAN (Other Press, 2017); Richard PANEK (Zahar, 2014); Anthony PEAKY (Arcturus Publishing Ltd, 2009); Allan e Barbara PEASE (Sextante 2011); Maria Manuel PEDROSA et al. (Museu da Paisagem, 2019); John PIPER (Fiel, 2014); Luiz Felipe PONDÉ (Planeta, 2020); Joseph RATZINGER (Planeta, 2009); Djamila RIBEIRO (Companhia das letras, 2018); Martha RODRIGUES (Mazza, 2006); Milton Matos ROLIM (Cia do eBook, 2015); J.C. RYLE (Projeto Ryle, 2014); Ricardo SALLUM (Eme, 2019); Elisama SANTOS (Paz e Terra, 2020); Barry SCHWARTZ (Alaúde, 2018); Erwin SCHRODINGER (Unesp, 2007); Robert SKIDELSKY (Yale University Press, 2020); M.D. SPENCER JOHNSON (Record, 1998; Urano, 2016); Gayatri Chakravorty SPIVAK (Columbia University Press, 2010; UFMG, 2018); Pernilla STALFELT (Companhia Das Letrinhas, 2016); Richard SWINBURNE (Academia Monergista, 2018); César SOUZA (Sextante, 2015); Nikolai TCHERNYCHEVSKIIT (Expressão Popular, 2020); Sarah TOMLEY (Sextante, 2020); Conceição TRUCOM (Irdin, 2020); César TUCCI (Leader, 2019); Paulo VIEIRA (Saphi, 2019); Elias Lopes VIEIRA (Literare Books, 2019); Alberto VILLAS (Globo 2010); Niki WALKER (Melhoramentos, 2015); Benjamin WARD (Palgrave Macmillan, 1972); Tiago ZOIA (Tiago Zoia, 2019).

capas de revistas: Clan Magazine #1, 2020 (s/i); Colour? What Colour? s/n., 2015 (Unesco); Informativo Mazars em Foco, s/n., s/d. (Mazars); Jornal El País, Instagram 2020 (ilustração de Juárez Casanova); Jornal O Dia n.24.773, 2020 (Ejesa); La Vie  A-T-Elle été créée? s/n., 2016 (Watch Tower Bible); La Vita: opera di un Creatore? s/n., 2017 (Watch Tower Bible); Revista  Você S/A s/n., 2012; n.178, 2013; n.208, 2015; s/n./230, 2017; n.265/266, 2020 (Abril); Revista 451 n.34, 2020 (ilustração de João Montanaro); Revista Animais e reencarnação s/n. (s/i); Revista Bereshit  s/n., 2015 (Vale do Paraíba); Revista C. News n.2528, 2020; Revista Carta Capital n.1073, 2019 (Confiança); Revista Cérebro Saudável n.2/4, 2019 (Alto Astral); Revista Ciência e Foco n.7, 2017 (Alto Astral); Revista Conhecimento Prático língua Portuguesa n.7, s/d. (Escola); Revista da Cultura n.67, 2013; n.80, 2014; n.103, 2016 (Livraria da Cultura); Revista Discover en espanõl, s/n., 2002 ( Madrid); Revista Época Negócios s/n., 2015; s/n., 2016 (Globo); Revista Exame n.783, 2003; n.1027, 2012; n.1218, 2020 (Abril); Revista Galileu n.229, 2010; n.274/276, 2014; n.286/291, 2015;  n.295/383, 2016; n.314, 2017; n.272/328/329, 2018; n.337/341, 2019 (Globo); Revista História da Biblioteca Nacional, n.29, 2008 (fotografia Evandro Teixeira/CPDOC JB, 1968); n.61, 2010; n.105, 2014 (Sociedade Amigos da Biblioteca Nacional); Revista Isto é Dinheiro n.1072, 2018 (Três); Revista Isto é n.2628, 2010; n.2595/2650, 2019; n.2625, 2020 (Três); Revista Ler & Saber n.15, 2018 (Alto Astral); Revista Mente Curiosa n.22, 2017; n.29/32/34, 2018; n.56, 2019; n.72/81, 2020 (Alto Astral); Revista Mente e Cérebro, s/n. (ilustração de Viviane Magalhães) (s/i); Revista Momentos da História n.8, 2019 (Alto Astral); Revista Mundo Estranho n.189, 2016; n.208/212, 2018 (Abril); Revista National Geographic s/n., 2018 (s/i); Revista Neurociência e Psicologia n.4/8/13/16, 2020 (Sábado); Revista Nova Escola n.279, 2015 (Abril); Revista O Tempo n.8078, 2019 (edUFF); Revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios n.186, 2004 (Globo); Revista Piauí n.153, 2019 (Abril); Revista Portuguesa n.409, 2018 (Tin); Revista Reformador n.2183, 2011 (Federação Espírita Brasileira); Revista RH Magazine n.118, 2018 (Médis); Revista São Judas n.95, 2020 (Online); Revista Segredos da Mente n.4, 2015; s/n., 2019 (Alto Astral); Revista Select n.38, 2018 (Acrobática e Três); Revista Senso n.4, 2017; n.12, 2019 (Senso); Revista Superinteressante n.175, 2002; n.254, 2005; n.409, 2019 (Abril); Revista Território Teen s/n, 2016; s/n., 2020 (Currículo Cultura Cristã); Revista TPM n.172., 2017; n.180, 2019 (Trip); Revista Veja n.2244, 2011; n.2574, 2018 (fotografia de Marianna Cartaxo) (Abril); Revista Vida e Saúde, s/n., 2019 (Casa Publicadora Brasileira); Revista Visão Junior n.186, 2019 (Tin); Revista Vivência n.182, 2019 (Alcoólicos Anônimos).

Eixo 3: O grito da terra
diapositivos do acervo do Centro Gaúcho de Audiovisuais, anos 1980 (reprodução), e imagens complementares do projeto #rioutópico, 2017-2018 e de outros autores 
duração: 6'
imagens: arquivo Ricardo Cardim (reprodução / reproduction); Alan Lima; Amanda Perobelli/Reuters; Arquivo MTST-SP; Beto Barata; Chico Batata; Claudia Andujar; Claus Meyer/Tyba; Gabriel Uchida; Guilherme Roberto; Lalo de Almeida; Leonardo Carneiro da Cunha/ISA; Lilo Clareto; Lucas Ururah; Luis Robayo/AFP; Marcio RM/Tyba; Oscar Cabral/Tyba; Ricardo Oliveira/Tyba; Rogério Reis/Tyba; Ronaldo Almeida/Tyba; Rosângela Rennó; Tiago Nhandewa; Tuca Vieira; Ueslei Marcelino/Reuters; Zeca Osorio; Zuleika de Souza.
gravações de campo: Zuleika Souza

Eixo 4: Vida em construção
diapositivos do acervo do Centro Gaúcho de Audiovisuais, anos 1980 (reprodução), e imagens complementares do projeto #rioutópico, 2017-2018 e de outros autores 
duração: 6'
imagens: AF Rodrigues/Tyba; Alan Lima; Claus Meyer/Tyba; Coletivo Frente 3 de Fevereiro; Guilherme Roberto; Joedson Alves; Junior Sant’Ana; Lidia Viber; Lucas Ururah; Marianna Cartaxo; Nathalia Menezes; Oscar Cabral/Tyba; Otávio Barros; Ronaldo Almeida/Tyba; Rosângela Rennó; Zuleika de Souza.
trilha sonora: Baco Exú do Blues, gentilmente cedida pela Altafonte


1st Axis: Mr. Nobody's Life
slides from the narrative EL HOMBRE QUE NO ERA HOMBRE, produced by the Salesian Catechist Center of Madrid (reproduction)
length: 26''
text and voiceover: Rosângela Rennó
voice recording: Rodrigo Gavião
digital photo collages: Isabel Escobar and Rosângela Rennó

2nd Axis: Mr. Nobody Asks Himself
images from covers of magazines and books by different authors, in Portuguese, Spanish, English and/or French
length: 26'

book covers: Sérgio Henrique ABRANCHES (Companhia das letras, 2019); Marcelo AGUIAR (Betânia, 2019); Alain BADIOU et al (Eterna Cadencia, 2014; Casus Belli,  2016); Pedro AMBRA(Annablume, 2015); Edward D. ANDREWS (Christian Publishing House, 2018); Sherry ARGOV (Sextante, 2002); Zygmunt BAUMAN (Climats, 2009; Zahar, 2011; Polity Press, 2013; Zahar, 2015; Ekho-Dunod Editions, 2019); Caroline Silveira BAUER (Paço Editorial, 2017); Samuel BECKETT (Grove Press, 1964; JM [Serie del volador],1966; Iluminuras, 2000); Luis Henrique BEUST (Bahai do Brasil,  2017); Joice BERTH (Letramento, 2018); Leonardo BOFF et al. (Vozes Nobilis, 2016); Francisco BOSCO (Todavia, 2018); Guilherme BOULOS (Boitempo, 2015); Daniel BOVOLENTO (Outro Planeta, 2018); Michelle BOWDLER (Macmillan Publishers, 2020); Luiz Philippe de Orleans e BRAGANÇA (Novo Conceito, 2017); Kerry BROWN (Penguin Specials, 2015); Alan BURDICK (Text Publishing, 2017; Plataforma Actual, 2018; Todavia, 2020); Ale CALAZANS (Forma Cultural, 2020); J.J. CAMARGO (L&PM, 2015); Caio de Almeida CARDOSO (Clube de Autores, 2020); Anderson CAVALCANTE (Buzz, 2018); Mario Sergio CORTELLA et al. (Vozes Nobilis, 2009; Cortez, 2013; Papirus 7 Mares, 2013/2020; Planeta, 2016); Mia COUTO (Companhia das Letras, 2011); Manuela D’AVILA (Planeta, 2019); Marilá DARDOT  (desenhos) (Ikrek, 2016); Acemoglu DARON et al. (Alta books, 2012; Deusto, 2012; Crown Business, 2013); Erich von DÄNIKEN (Melhoramentos, 1969; Berkley Publishing Group, 1980; Corgi Books, 1983); William DAMON (Summus, 2009); David EVAN (The Jonah Press, 2006); Helen FISHER (Taurus, 2005; Record, 2006; Rocco, 2010); Hal FOSTER (Verso Books, 2020; Ubu, 2021); Eduardo GIANETTI (Companhia de Bolso, 2007); Kate Fitz GIBBON (Rutgers University Press, 2005); Flávio GIKOVATE (MG, 1978; MG1989); Seth GODIN (Piatkus, 2010; Agir, 2010); Camila GÓES (Alameda, 2018); Ezequiel GOMES (Reflexão, 2017); Will GOMPERTZ (Zahar, 2013); Claire GORDON (Pensamento, 2003); John GOTTMAN et al. (Fontanar, 2014); Sue GRAVES (Moderna, 2013); Bell HOOKS (Rosa dos Tempos,  2019); Jim HOLT (RBA Libros,  2013); Alexander HERZEN (Cornell University Press, 1984); Jim HOLT (Intrínseca, 2013); Bill HYBELS (Betânia, 2019); Carlos JÚLIO (Planeta Estratégia, 2020); Ezra KLEIN (Avid Reader Press / Simon & Schuster, 2020); Ailton KRENAK (Companhia das Letras, 2019); Hans KÜNG (Editorial Trotta, 2002); Erik Bertrand LARSSEN (Vozes Nobilis, 2016); Vladimir Ilitch LENIN (Akal, 2015; Boitempo, 2020); Primo LEVI (Rocco, 2013); Steven LEVITSKY et al. (Zahar, 2018; Ariel, 2018); Toby LITTLE (Fontanar, 2017); Michael LOWY (Boitempo, 2016); Daniel Braga LOURENÇO (Elefante, 2019); Erwin W. LUTZER (Cpda, 2005); Kishore MAHBUBANI (Allen Lane and Penguin, 2018; PublicAffairs, 2020); Miguel MAHFOUD (Artesã, 2017); Dominique MAGALHÃES (Gente, 2016); Isabel Minhós MARTINS et al. (Tordesilhinhas, 2011); Pe. Fábio de MELO (Planeta, 2018); Fátima MESQUITA (Panda Books, 2018); Jen Pollock MICHEL (Ultimato, 2016); Jan-Werner MÜLLER (University of Pennsylvania Press, 2016; Grano de Sal, 2017); Randall MUNROE (Companhia das Letras, 2014); Renato NOGUERA (Harper Collins, 2020); Suzanne O’SULLIVAN (Other Press, 2017); Richard PANEK (Zahar, 2014); Anthony PEAKY (Arcturus Publishing Ltd, 2009); Allan e Barbara PEASE (Sextante 2011); Maria Manuel PEDROSA et al. (Museu da Paisagem, 2019); John PIPER (Fiel, 2014); Luiz Felipe PONDÉ (Planeta, 2020); Joseph RATZINGER (Planeta, 2009); Djamila RIBEIRO (Companhia das letras, 2018); Martha RODRIGUES (Mazza, 2006); Milton Matos ROLIM (Cia do eBook, 2015); J.C. RYLE (Projeto Ryle, 2014); Ricardo SALLUM (Eme, 2019); Elisama SANTOS (Paz e Terra, 2020); Barry SCHWARTZ (Alaúde, 2018); Erwin SCHRODINGER (Unesp, 2007); Robert SKIDELSKY (Yale University Press, 2020); M.D. SPENCER JOHNSON (Record, 1998; Urano, 2016); Gayatri Chakravorty SPIVAK (Columbia University Press, 2010; UFMG, 2018); Pernilla STALFELT (Companhia Das Letrinhas, 2016); Richard SWINBURNE (Academia Monergista, 2018); César SOUZA (Sextante, 2015); Nikolai TCHERNYCHEVSKIIT (Expressão Popular, 2020); Sarah TOMLEY (Sextante, 2020); Conceição TRUCOM (Irdin, 2020); César TUCCI (Leader, 2019); Paulo VIEIRA (Saphi, 2019); Elias Lopes VIEIRA (Literare Books, 2019); Alberto VILLAS (Globo 2010); Niki WALKER (Melhoramentos, 2015); Benjamin WARD (Palgrave Macmillan, 1972); Tiago ZOIA (Tiago Zoia, 2019).

magazine covers: Clan Magazine #1, 2020 (s/i); Colour? What Colour? s/n., 2015 (Unesco); Informativo Mazars em Foco, s/n., s/d. (Mazars); Jornal El País, Instagram 2020 (ilustração de Juárez Casanova); Jornal O Dia n.24.773, 2020 (Ejesa); La Vie  A-T-Elle été créée? s/n., 2016 (Watch Tower Bible); La Vita: opera di un Creatore? s/n., 2017 (Watch Tower Bible); Revista  Você S/A s/n., 2012; n.178, 2013; n.208, 2015; s/n./230, 2017; n.265/266, 2020 (Abril); Revista 451 n.34, 2020 (ilustração de João Montanaro); Revista Animais e reencarnação s/n. (s/i); Revista Bereshit  s/n., 2015 (Vale do Paraíba); Revista C. News n.2528, 2020; Revista Carta Capital n.1073, 2019 (Confiança); Revista Cérebro Saudável n.2/4, 2019 (Alto Astral); Revista Ciência e Foco n.7, 2017 (Alto Astral); Revista Conhecimento Prático língua Portuguesa n.7, s/d. (Escola); Revista da Cultura n.67, 2013; n.80, 2014; n.103, 2016 (Livraria da Cultura); Revista Discover en espanõl, s/n., 2002 ( Madrid); Revista Época Negócios s/n., 2015; s/n., 2016 (Globo); Revista Exame n.783, 2003; n.1027, 2012; n.1218, 2020 (Abril); Revista Galileu n.229, 2010; n.274/276, 2014; n.286/291, 2015;  n.295/383, 2016; n.314, 2017; n.272/328/329, 2018; n.337/341, 2019 (Globo); Revista História da Biblioteca Nacional, n.29, 2008 (fotografia Evandro Teixeira/CPDOC JB, 1968); n.61, 2010; n.105, 2014 (Sociedade Amigos da Biblioteca Nacional); Revista Isto é Dinheiro n.1072, 2018 (Três); Revista Isto é n.2628, 2010; n.2595/2650, 2019; n.2625, 2020 (Três); Revista Ler & Saber n.15, 2018 (Alto Astral); Revista Mente Curiosa n.22, 2017; n.29/32/34, 2018; n.56, 2019; n.72/81, 2020 (Alto Astral); Revista Mente e Cérebro, s/n. (ilustração de Viviane Magalhães) (s/i); Revista Momentos da História n.8, 2019 (Alto Astral); Revista Mundo Estranho n.189, 2016; n.208/212, 2018 (Abril); Revista National Geographic s/n., 2018 (s/i); Revista Neurociência e Psicologia n.4/8/13/16, 2020 (Sábado); Revista Nova Escola n.279, 2015 (Abril); Revista O Tempo n.8078, 2019 (edUFF); Revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios n.186, 2004 (Globo); Revista Piauí n.153, 2019 (Abril); Revista Portuguesa n.409, 2018 (Tin); Revista Reformador n.2183, 2011 (Federação Espírita Brasileira); Revista RH Magazine n.118, 2018 (Médis); Revista São Judas n.95, 2020 (Online); Revista Segredos da Mente n.4, 2015; s/n., 2019 (Alto Astral); Revista Select n.38, 2018 (Acrobática e Três); Revista Senso n.4, 2017; n.12, 2019 (Senso); Revista Superinteressante n.175, 2002; n.254, 2005; n.409, 2019 (Abril); Revista Território Teen s/n, 2016; s/n., 2020 (Currículo Cultura Cristã); Revista TPM n.172., 2017; n.180, 2019 (Trip); Revista Veja n.2244, 2011; n.2574, 2018 (fotografia de Marianna Cartaxo) (Abril); Revista Vida e Saúde, s/n., 2019 (Casa Publicadora Brasileira); Revista Visão Junior n.186, 2019 (Tin); Revista Vivência n.182, 2019 (Alcoólicos Anônimos).

3rd Axis: The Cry of the Earth
slides from the collection of the Audiovisual Center of Rio Grande do Sul, 1980s (reproduction), and additional images from the project #rioutópico, 2017-2018, and from other authors.
length: 6'
images: archive Ricardo Cardim (reprodução / reproduction); Alan Lima; Amanda Perobelli/Reuters; Arquivo MTST-SP; Beto Barata; Chico Batata; Claudia Andujar; Claus Meyer/Tyba; Gabriel Uchida; Guilherme Roberto; Lalo de Almeida; Leonardo Carneiro da Cunha/ISA; Lilo Clareto; Lucas Ururah; Luis Robayo/AFP; Marcio RM/Tyba; Oscar Cabral/Tyba; Ricardo Oliveira/Tyba; Rogério Reis/Tyba; Ronaldo Almeida/Tyba; Rosângela Rennó; Tiago Nhandewa; Tuca Vieira; Ueslei Marcelino/Reuters; Zeca Osorio; Zuleika de Souza.
field recordings: Zuleika Souza

4th Axis: Life under Construction

slides from the collection of the Audiovisual Center of Rio Grande do Sul, 1980s (reproduction), and additional images from the project #rioutópico, 2017-2018, and from other authors
length: 6'
images: AF Rodrigues/Tyba; Alan Lima; Claus Meyer/Tyba; Coletivo Frente 3 de Fevereiro; Guilherme Roberto; Joedson Alves; Junior Sant’Ana; Lidia Viber; Lucas Ururah; Marianna Cartaxo; Nathalia Menezes; Oscar Cabral/Tyba; Otávio Barros; Ronaldo Almeida/Tyba; Rosângela Rennó; Zuleika de Souza.
soundtrack: Baco Exú do Blues, kindly provided by Altafonte


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a imortalidade ao nosso alcance, 2020-2021

Immortality Within Our Reach, 2020-2021
76 produtos de marcas variadas, vitrine em madeira 
e vidro, e vinil adesivo jateado
195 x 75 x 20 cm

76 products from various brands, display window on wood 
and glass, and sandblasted vinyl adhesive 
195 x 75 x 20 cm

©Filipe Berndt
©Filipe Berndt
© Thiago Barros

© Thiago Barros
© Thiago Barros


A humanidade vive hoje emersa numa gigantesca sociedade de consumo onde milhares (ou milhões...) de empresas disputam nosso olhar, diariamente, nas ruas, nas farmácias, nos supermercados, nas lojas multimarcas, oferecendo-nos seus produtos em belos invólucros, cuidadosamente elaborados para seduzir e cativar seus consumidores.

Muitas embalagens de produtos contêm retratos de pessoas como nós, em geral olhando para o espectador/consumidor: o sorriso no rosto e a fisionomia que transmite confiança produzem a empatia à primeira compra. Se o retratado que nos olha é o patriarca da empresa, o vínculo da confiança passa pela tradição; se ele é um modelo contratado para embelezar o invólucro do produto, está criada ali a identificação total com a imagem que o consumidor terá quando a compra for consumada, como se milhões de espelhos estivessem instalados em todas as prateleiras das lojas, em todo o mundo.

Se as pessoas comuns retratadas nos rótulos e embalagens já conquistaram um certo grau de imortalidade, pela notoriedade e pela repetição do próprio retrato, nada melhor do que consumir aquilo que elas representam e que está ao alcance das nossas mãos. Talvez um pouco daquela graça alcançada recaia sobre nós, consumidores. A chave da felicidade e da vida, ambas eternas, está logo ali…


Rosângela Rennó, 2021
Humanity today is immersed in a gigantic consumer society where thousands (or millions?) of companies fight for our eyes, every day, in the streets, in pharmacies, supermarkets, multi-brand stores, offering us their products in beautiful wrappings, carefully designed to seduce and captivate their consumers.

Many product packages contain portraits of people like us, usually looking at the viewer/consumer: the smile on the face and the physiognomy that expresses confidence produce empathy at the first purchase. If the person looking back at us is the patriarch of the company, the bond of trust passes through tradition; if he is a model hired to embellish the product's wrapping, the total identification with the image that the consumer will have when the purchase is consummated is created there, as if millions of mirrors were installed on all store shelves, all over the world.

If the ordinary people portrayed on labels and packaging have already achieved a certain degree of immortality, through notoriety and the repetition of the portrait itself, there is nothing better than consuming what they represent and that is within reach of our hands. Perhaps a little of that achieved grace falls to us, the consumers. The key to happiness and life, both eternal, is right there…


Rosângela Rennó, 2021


projeto eaux des
colonies
, 2020-2021

Eaux des colonies Project, 2020-2021
projeto comissionado pelo programa de residência artística Artists meets Archive, Internationale Photoszene Köln, com apoio da Rhenish-Westphalian Economic Archive Foundation RWWA, Colônia, Alemanha

    project commissioned by the art residency program Artist meets Archive, Internationale Photoszene Köln, with the support of the Rhenish-Westphalian Economic Archive Foundation RWWA, Cologne, Germany




    eaux des colonies
    (les origines)
    , 2020-2021

    Eaux des colonies (les origines), 2020-2021
    251 impressões em papel Hahnemühle 180gr e papel offset 75gr, carimbadas e escritas à mão
    30 x 21 cm, 30 x 42 cm e 30 x 462 cm (mapa)
    reprodução de mapa das estradas romanas em papel Hahnemühle
    120 x 2000 cm (instalação)



      251 prints on Hahnemühle 180gr and offset 75gr paper stamped and hand-written
      reproduction of Roman road-maps on Hahnemühle paper
      30 x 21 cm, 30 x 42 cm e 30 x 462 cm (map)
      120 x 2000 cm (installation)



      Eaux des Colonies [les origines]
      Em algum momento no final do século XVII algumas garrafas de uma Aqua Mirabilis chegaram a Colônia, levadas por algum comerciante italiano, assim começou a história. No início do século XVIII essa ‘água maravilhosa’ já era produzida na cidade e cerca de cinquenta anos depois foi apelidada pelos soldados franceses como Eau de Cologne, tornando-se um objeto de desejo.

      Assim começou a saga de um elixir que foi levado para todos os continentes do planeta; um produto que acompanhou a colonização europeia e foi viralizado e canibalizado de tantas maneiras que se transformou, de um artigo de luxo, em um objeto de consumo para todas as classes sociais, até se tornar um termo genérico de perfume.

      Em sua cidade natal, a transformação do elixir terapêutico em perfume levou pouco mais de um século. Porém, em várias partes do mundo, a água da Colônia sempre manteve outras funções além de simplesmente encantar o olfato, fossem elas terapêutica, sanitária, esotérica ou mágica, como as maldições que se aderem a um produto ou objeto, e atravessam os séculos, para todo o sempre.

      O que há entre uma colônia romana e um objeto de desejo e consumo, além de seu próprio nome como denominador comum? Uma linha de tempo que pode começar antes do nascimento de ambos e jamais terminar. 

      Eaux des Colonies [les origines]
      é uma linha de tempo em construção, onde as lacunas são tão importantes quanto as imagens que a compõem, nesse exato momento. A pesquisa foi iniciada durante a pandemia da covid-19, quando diversas instituições se esforçaram em ampliar seus acervos digitais para facilitar o acesso remoto a seus documentos. 

      Nessa linha de tempo, os percursos da ‘água’ proveniente de Colônia são mais relevantes do que a identidade do seu criador, tão questionada ao longo de mais de 300 anos. É notório o fato de que, desde o século XVIII,  um nome de família — muito comum na Itália — tenha fortemente impulsionado a indústria das falsificações, até que a disseminação do tão cobiçado produto se tornasse incontrolável. 

      Mesmo com tantas lacunas, a linha de tempo exemplifica a eficiência de alguns modelos de colonização, desde os tempos das grandes navegações até os dias atuais, confirmando que, desde sempre, a colônia e as colônias têm sido um excelente negócio. 

      A criação deste dossier é em parte tributada à obra de Hans Haacke, grande artista nascido em Colônia.


      Rosângela Rennó, 2021
      Eaux des Colonies [les origines]
      Sometime in the late 17th century, a number of bottles of Aqua Mirabilis arrived in Cologne, brought over by some Italian merchant, thus the story began. About half a century later, this 'marvelous water' already produced in the city was nicknamed Eau de Cologne by French soldiers and it became an object of desire. 

      Thus began the saga of an elixir that was subsequently taken to every continent on Earth; a product that accompanied European colonization and was viralized and cannibalized in so many ways that it transformed from a luxury item into an object of consumption for all social classes and then, into a generic term for perfume.

      In the city of its birth, the transformation of the therapeutic elixir into perfume took just over a century. However, in many parts of the world, Eau de Cologne has always maintained other functions in addition to simply enchanting the sense of smell, whether they be therapeutic, sanitary, esoteric or magical, like the curses that adhere to a product or object and span centuries forever and ever. 

      What is there that exists between a Roman colony and an object of desire and consumption, aside from their name as a common denominator? A timeline that begins before each one was born and which never ends.

      Eaux des Colonies [les origines] is a timeline under construction in which the gaps are just as important as the images that comprise it at this exact moment. The research was initiated during the COVID-19 pandemic, when several institutions endeavored to expand their digital collections to facilitate remote access to their documents. 

      In this timeline, the routes traveled by the 'water' from Cologne are more relevant than the identity of its creator, which has been so questioned for over 300 years. It is a well-known fact that, since the 18th century, a family name - very common in Italy - has strongly driven the counterfeiting industry, to the point that dissemination of the coveted product became uncontrollable. 

      Even with so many gaps, the timeline exemplifies the efficiency of some models of colonization, from the times of the great navigations down to the present day, confirming that cologne and colonies have always been an excellent business. 

      The creation of this dossier is, in part, a tribute to the work of Hans Haacke,  the great artist born in Cologne.


      Rosângela Rennó, 2021


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      eaux des colonies
      (en construction)
      , 2021

      Eaux des colonies (en construction), 2021
      207 frascos de vidro de tamanhos variados contendo álcool, etiquetas de identificação e alfinetes, compondo um mapa-mundi virtual baseado na projeção de Gall-Peters
      plataforma em dry-wall pintado
      270 x 180 x 60 cm

        207 glass flasks of varied sizes and containing alcohol, identification tags and pins, composing a virtual world map based on Gall-Peters' projection
        painted drywall plataform 
        270x180x60 cm



        Eaux des Colonies [en construction]
        Idealizamos uma enquete que será realizada entre cidadãos dos 133 países que, em algum momento de sua história, viveram a condição de ‘colônia’ de um outro país. Esses indivíduos serão requisitados para opinar sobre quais seriam os aromas que melhor representariam suas respectivas terras-mater, levando em conta não apenas os aromas naturais, genuínos do local, mas também os artificiais, de alguma maneira exóticos, possivelmente herdados de seus colonizadores depois de anos, décadas ou até mesmo séculos de simbiose, dependência, espoliação e exploração.

        Até que a enquete aconteça e seja concluída, a coleção Eaux des Colonies [en construction] permanecerá em estado de latência. Cada frasco — cujo volume corresponde proporcionalmente à extensão territorial do país representado por ele — ocupa um lugar preciso no mapa-múndi, segundo a projeção de Gall-Peters. Os frascos, que contêm somente a base alcóolica, aguardam o complemento de 6% de essência de perfume que será produzida, em cada caso,  a partir das respostas à pergunta: que aroma melhor define, hoje, o seu país?

        Nesse exercício excêntrico de cartometria também foram incluídas as 65  porções de terra que, supostamente por conveniência mútua, permaneceram como territórios governados por algum outro país distante. Pessoas originárias dessas terras também merecem ser ouvidas. 


        Rosângela Rennó, 2021
        Eaux des Colonies [en construction]
        We devised a survey to be conducted among citizens of 133 countries who, at some point in their history, experienced the condition of 'colony' of another country. These individuals will be asked to opine on which aromas best represent their respective mater-lands, taking into account not only the natural, genuine aromas of the place, but also the artificial, to a certain extent exotic, scents, possibly inherited from their colonizers after years, decades or even centuries of symbiosis, dependence, plunder and exploitation.

        Until the survey is given and completed, the Eaux des Colonies [under construction] collection will remain in a latent state. Each bottle - whose volume corresponds proportionally to the territorial extension of the country it represents - occupies a precise place on the world map, according to the Gall-Peters projection. The bottles, which contain only the alcohol base, await the complement of 6% of the essence of fragrance to be produced, in each case, based on the answers to the question: what aroma best defines your country today?

        This eccentric exercise in cartometry also includes the 65 portions of land which have remained territories governed by some other distant country, supposedly out of mutual convenience. People from these lands also deserve to be heard.


        Rosângela Rennó, 2021


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        good apples | bad apples, 2019-2023

        Good Apples | Bad Apples, 2019-2023
        cerca de 1.000 molduras 12x17cm, contendo fotografias impressas em jato de tinta sobre Hahnemühle Matt Fibre 200g, escritas a mão e carimbadas, e um texto-manifestodimensões variadas
        around 1.000 frames 12x17cm, containing inkjet prints on Hahnemühle Matt Fiber 200g, handwritten and stamped, and a text-manifest
        variable dimensions




        Essa instalação em grande escala, que atravessa horizontalmente as paredes do espaço, iniciou composta por mais de 700 pequenas fotografias impressas, originalmente encontradas na Internet, depois anotadas à mão e emolduradas. Todas retratam monumentos a Lênin, o líder comunista, em diferentes países. Em alguns casos, várias fotos do mesmo monumento são reunidas para formar uma narrativa visual do que aconteceu ao longo dos anos. Todas as histórias e fotos estão organizadas em ordem alfabética, de acordo com o nome da cidade onde a escultura está localizada, o que anula a geopolítica tradicional. A cor da moldura indica o estado do monumento: vermelha para representações de um monumento em seu local original, preta para aqueles que sofreram alguma intervenção ou dano/destruição e branca para aqueles que foram ressignificados de alguma maneira. Acompanhando as cores das molduras, selos de maçãs conferem à figura de Lênin um valor subjetivo: a maçã boa para o "mito", intacto, e a maçã podre para o "desonrado": metáforas invertidas das lembranças da minha infância, durante a ditadura militar brasileira, em que o "comunista" era a maçã podre que deveria ser retirada da cesta. Mais três anos de pesquisa me permitiram coletar mais 300 fotos. O projeto então tomou a forma de um guia histórico-geográfico, um "mapa-múndi fotográfico", acrescentando uma dimensão geopolítica aos arquivos e destacando as diferenças sociopolíticas entre as sociedades vizinhas, em sua relação com os ícones do passado socialista.

        Rosângela Rennó, 2023



        This large-scale installation, spread across the walls of the gallery, started composed by over 700 small, printed photos found on the Internet, handwritten on, and framed, showing monuments dedicated to Lenin, the communist leader, in different countries. Occasionally, photos collected of the same monument present a visual narrative describing what happened to the monument over the years. All the narratives and photos with handwriting are arranged in alphabetical order, according to the names of the cities where the sculptures appear, thus interrupting geopolitical norms. The state of the monument is arranged by the color of the frame: red for representations of a monument in its original place, black for those that have sustained some level of vandalism, and white for a monument whose signification has been altered somehow. Accompanying the colors of the frames, stamps with apple drawings provide a subjective valuation of the figure of Lenin: the good apple for the ‘legend’, still intact, and the bad apple for the ‘disgraceful’: inverted metaphors from my childhood memories, during the Brazilian military dictatorship, where the ‘communist' was the rotten apple that should be eliminated from the basket. Three more years of research yielded 300 more photos, then the project took the form of a historical-geographical guide, or a ‘photo world map’, adding a geopolitical dimension to the archive and highlighting differences in socio-political behavior between neighboring societies in relation to icons from their socialist pasts.


        Rosângela Rennó, 2023


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        exercícios de 3D (transparência), 2019

        Exercises on 3D (transparency), 2019
        visor estereoscópico do início do século 20 e duas placas de acrílico, contendo dois textos do projeto Arquivo Universal (1992 - ), em português
        19,5 x 13 x 12 cm
        stereoscopic viewer from early 20th century and two Plexiglass plates, containing two texts from the Universal Archive project (1992 - ), in Portuguese
        19,5 x 13 x 12 cm

        © Edouard Fraipont
        © Edouard Fraipont
        © Edouard Fraipont
        © Edouard Fraipont
        © Edouard Fraipont
        © Edouard Fraipont

        O dispositivo ótico de visualização de fotografias em três dimensões foi criado em 1840, na Inglaterra e, desde então, a indústria dedicada ao uso da imagem como entretenimento se esforça em criar dispositivos que possam fazer o ser humano mergulhar cada vez mais fundo na realidade virtual, levando-o a pensar que ela é algo além do que a mera “ilusão de ótica”. Os textos do Arquivo Universal aplicados a essa tecnologia causam grande desconforto, não apenas pelo esforço em conseguir ‘ver’ apenas um texto com palavras que parecem flutuar diante dos olhos, mas também convertê-los em imagens, depois da leitura do mesmo. Algumas fotografias são facilmente reconhecíveis ou decifráveis. Outras, se desconhecidas, vão solicitar ao leitor o exercício da construção mental ou da invenção, para se tornar um espectador. Entre a documentação e a ficção, toda conversão texto-imagem através da conexão olho-cérebro vai deixar alguma “cicatriz” no córtex cerebral do indivíduo.

        O Arquivo Universal é um projeto de compilação/coleção de textos jornalísticos sobre imagens fotográficas, iniciado em 1992. Os textos extraídos de jornal de uma forma geral exploram a maneira como o ser humano lida com a representação fotográfica. Através da linguagem simples e direta, a potência da imagem se encontra na capacidade do leitor ativar sua própria memória através da leitura do texto, gerando uma infinidade de imagens virtuais, todas legítimas e intransferíveis.

        Um texto histórico:*

        [Através do estereoscópio] a mente tateia o seu caminho até às profundezas da imagem. A forma está doravante divorciada da matéria. [...] A matéria em grandes massas tem de estar sempre fixa e é cara; a forma é barata e transportável. Temos agora o fruto da criação, e não precisamos de nos preocupar com o caroço. Os homens irão caçar todos os objetos curiosos, bonitos e imponentes, como caçam o gado na América do Sul, para aproveitarem as peles, deixando as carcaças, por não terem valor. [...] A próxima guerra europeia vai enviar-nos estereografias das batalhas. Afirma-se que é possível fotografar a explosão de uma granada. Está porventura para breve o tempo em que um clarão, tão súbito e instantâneo como o do relâmpago que mostra uma roda a girar completamente imóvel, preservará o próprio instante do choque do confronto entre exércitos poderosos que estão mesmo agora a encontrar-se. O relâmpago do céu fotografa realmente objetos naturais sobre os corpos daqueles que acabou de destruir. O relâmpago de sabres e baionetas em confronto pode ser forçado a estereotipar-se a si mesmo numa quietude tão completa quanto a queda d’água do Niágara. Seríamos levados longe demais se desenvolvêssemos a nossa crença quanto às transformações que serão engendradas pelo maior dos triunfos humanos sobre as condições terrenas, o divórcio entre forma e substância. Deixemos os nossos leitores preencherem um cheque em branco sobre o futuro, conforme quiserem; pela nossa parte, damos antecipadamente o nosso apoio à sua imaginação.

        *HOLMES, Oliver Wendell. O Esterereoscópio e o Estereógrafo. In Atlantic Monthly, 1859.


        Rosângela Rennó, 2019
        The three-dimensional optical photo viewing device was created in 1840 in England, and since then, the industry dedicated to the use of image as entertainment has strived to create devices that could plunge people deeper and deeper into virtual reality, leading them to think that it is something beyond the mere "optical illusion". The Universal Archive texts applied to this technology cause great discomfort, not only because of the effort to 'see' only one text with words that seem to float before the eyes, but also to convert them into images after the reading. Some photographs are easily decipherable, some others aren't. However, all will be impregnated in the viewer's memory. 

        The Universal Archive is a project of compilation / collection of journalistic texts about photographic images, started in 1992. Texts taken from newspaper generally explore the way humans, deal with photographic representation. Through simple and straightforward language, the power of the image lies in the reader's ability to activate his own memory by reading the text, generating a multitude of virtual images, all legitimate and non-transferable. 


        Mor Charpentier, 2019


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        Hercule e Hippolyte, 2019

        Hercule & Hippolyte, 2019
        câmeras fotográficas analógicas e fotografias em preto e branco, emolduradas
        díptico
        53 x 27 x 9 cm cada

        analog photo cameras and b&w photos, framed
        diptych
        53 x 27 x 9 cm each

        © Edouard Fraipont

        Fotos dos túmulos de Hercule Florence (falecido em 1879, cemitério da Saudade, Campinas, Brasil) e Hippolyte Bayard (falecido em 1887, cemitério de Saint Pierre lès Nemours, França), ambos inventores do processo fotográfico com pouco reconhecimento internacional. As fotos foram realizadas com as respectivas câmaras emolduradas.

        Entre 1836 e 1839, Hippolyte Bayard (1801-1887) conseguiu desenvolver um processo fotográfico para a obtenção de "desenhos" sobre papel fotossensível, mas não conseguiu o reconhecimento do governo e nem do público, tendo sido eclipsado pelo invento de Daguerre. Bayard só não foi totalmente esquecido pela “história da fotografia” por causa de uma insólita foto que realizou em 1840, com a qual inaugurou, com estilo, uma espécie de trânsito entre documentação fotográfica e ficção. Tratava-se de seu “autorretrato afogado”, uma espécie de manifesto, uma fotografia de protesto, onde se representava como um homem morto, sentado, olhos fechados, o corpo seminu, mãos unidas e visivelmente escurecidas. Nas costas da fotografia ele escreveu: "O cadáver do homem que você vê, no verso, é aquele do Sr. Bayard, inventor do processo que você acaba de ver ou do qual verá os maravilhosos resultados. No que me toca, há cerca de três anos esse engenhoso e infatigável pesquisador se ocupava de aperfeiçoar sua invenção. A Academia, o Rei e todos aqueles que viram esses desenhos, aos quais eles pareciam imperfeitos, os admiraram como você os admira neste momento. Isso lhe deu grande honra e não lhe valeu um centavo. O governo que tinha dado demasiado ao Sr. Daguerre disse nada poder fazer pelo Sr. Bayard e o infeliz se afogou. Oh, instabilidade das coisas humanas! […]”

        A foto do túmulo de Hippolyte Bayard – localizado no cemitério de Saint Pierre lès Nemours, França – foi emoldurada juntamente com a câmera com a qual foi realizada. Trata-se de uma dupla homenagem póstuma, tanto ao inventor pouco reconhecido, quanto ao invento cuja morte afetará, para sempre, nossa relação com os documentos. ...

        Do outro lado do oceano Atlântico, um outro francês muito talentoso, mas radicado no Brasil desde 1824, Antoine Hercule Romuald Florence (1804-1879) conseguiu imprimir ‘desenhos’, através de uma câmara obscura, sobre papel embebido em nitrato de prata em 1833. Um ano depois, ele nomeou o próprio experimento de photographie, alguns anos antes de John Herschel cunhar de maneira independente o termo photography e ter sido reconhecido por isso. Por estar muito longe da Europa, o invento de Hercule Florence foi ignorado. Desta forma, o próprio cientista apelidou-se de um "inventor no exílio". Hoje, essa fotografia e sua parafernália mecânica e química parecem ter sido quase definitivamente enterradas, vencidas pela indústria que decretou a morte da imagem analógica em detrimento da digital. Algumas questões ontológicas relacionadas com o caráter indicial das imagens sobre papel ou filme parecem ter sido engavetadas, como ossos são guardados em caixas ou recobertos por uma lápide. Florence teria dito uma vez mais: “Não pensemos mais nisso”. A fotografia está morta. Viva a fotografia!

        A foto do túmulo de Hercule Florence – localizado no cemitério da Saudade, Campinas, Brasil – foi emoldurada juntamente com a câmera com a qual foi realizada. Trata-se de uma dupla homenagem póstuma, tanto ao inventor pouco reconhecido, quanto ao invento cuja morte afetará, para sempre, nossa relação com os documentos.


        Rosângela Rennó, 2019
        Between 1836 and 1839, Hippolyte Bayard (1801-1887) succeeded in developing a photographic process that made it possible to obtain "drawings" on photosensitive paper; Unfortunately, the importance of its process has not been recognized by the government and by the public, having been overshadowed by Daguerre's intervention. Bayard was not entirely forgotten by "the history of photography" because of an unusual image, made in 1840, with which he inaugurated (with a very personal style) a kind of transit between photographic documentation and fiction. It was his "self-portrait drowned", a kind of manifesto, or photo of protest, posing as a dead man, sitting with his eyes closed, his body half-naked, his hands clasped and visibly blackened. On the back of the photo, he wrote: "The body of the gentleman you see below is the one of Mr. Bayard, inventor of the process you just saw or whose wonderful results you will see. It was nearly three years since this ingenious and tireless researcher was busy perfecting his invention, and the Academy, the King, and all those who saw these drawings which he found imperfect, ad- mired them as you admire them at this moment. It does him a lot of honor and has not earned him a liard. The government that had given too much to Mr. Daguerre said nothing could be done for Mr. Bayard and the unfortunate man drowned. Oh! Instability of the human things [...]" 

        Antoine Hercule Romuald Florence (1804-1879), another very talented Frenchman living in Brazil since 1824, man- aged to print "drawings" through a camera obscura on paper soaked in silver nitrate in 1833. One year later, he named his own experience as a photograph, a few years before John Herschel coined the term photography, independently and be recognized for it. Being so far from Europe, the invention of Hercules Florence was ignored. This is how the scientist called himself an "inventor in exile". Today, this photograph and its mechanical and chemical paraphernalia seem to have been buried almost permanently, defeated by the industry that decreed the death of silver at the expense of digital. Some ontological questions related to the indexical character of images on paper or film seem to have been put aside, such as the bones are kept in niches or covered with a tombstone. Florence would have repeated: "Do not think about that anymore". The photo is dead. Long live the photo! 

        The diptych is composed of photographs of the tombs of Hercules Florence (deceased in 1879, Saudade Cemetery, Campinas, Brazil) and Hippolyte Bayard (deceased in 1887, Cimetierre Saint-Pierre-lès-Nemours, France), two inventors of photographic processes who received few international recognition. The photos were taken with the respective cameras present below each image. 


        Mor Charpentier, 2019


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