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killing Che, 2019

Killing Che, 2019
maços de cigarro Che, isqueiro estilo “Zippo” e caixas de acrílico
14 x 40 x 4 cm


packs of Che cigarettes, Zippo-style lighter and plexiglass boxes
14 x 40 x 4 cm

© Edouard Fraipont

Certas imagens icônicas terminam por serem esvaziadas quando repetidas ad infinitum, em vários suportes e meios, afastando-a cada vez mais de sua intenção original, tornando-a uma vaga lembrança de algo que nunca retornará ou nunca mais será alcançado. Será verdade? A famosa foto de Ernesto “Che” Guevara foi tomada por Alberto Diaz “Korda” em 5 de março de 1960 e foi intitulada “Guerrilheiro Heroico”. Sete anos depois o designer Jim Fitzpatrick viu uma estilização dessa fotografia na capa da edição italiana do El Diario de Che en Bolivia e a transformou em um cartaz do qual se venderam mais de dois milhões de cópias em 6 meses. Sabe-se que “Korda” recebeu uma pequena soma de dinheiro da editora italiana, a Feltrinelli, mas jamais recebeu algum de Fitzpatrick. Teria o “Che”, sendo inimigo implacável do capitalismo, feito alguma objeção ao tratamento e à monetização de sua imagem?

Por esse viés, nos vem outra pergunta: por que a imagem de um líder revolucionário acabaria ilustrando um maço de cigarros, vendido em várias partes do mundo? O proveito da indústria pode representar um dano, um esvaziamento ainda maior da imagem, mas até mesmo a indústria sofre com certas determinações do mercado. Então, nós, consumidores, assistimos a ações perversas, alheias tanto ao universo ao qual aquela imagem pertencia, quanto à própria indústria que se beneficiou dela durante muitos anos. Quando algumas sociedades decidem que certo produto é de tal maneira danoso ao ser humano que justifica a inserção de mensagens/advertências explícitas, visuais e textuais, a imagem da marca acaba sendo reduzida, eclipsada, chegando até ao seu completo desaparecimento.


Rosângela Rennó, 2019
Certain iconic images end up being emptied when repeated ad infinitum in various supports and media, further and further away from their original intent, making it a vague reminder of something that will never return or never be achieved. 

The famous photo of Ernesto "Che" Guevarra, taken by Alverto Diaz "Korda" in March 1960 became the picture most reproduced in the 20th century, from 1967 when it was transformed into a poster which sold more than two millions of copies in 6 months. However, "Korda" never charged copyright for the use of the photograph. 
From this bias comes the question: why would the image of a revolutionary leader ends up illustrating a pack of cigarettes sold in various parts of the world? industry profit may be damaging, even further draining the image, but even industry suffers from certain market limits. So, we, consumers, witness perverse actions, unaware to both the universe to which that image belonged, and the industry itself that has benefited from that image for many years. When some societies decide that the product baptized with a certain image is so harmful to humans, other visual and textual message overlap with it, leading to its complete disappearance.


Mor Charpentier, 2019