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Le supermarché des images


Textos relacionados ao trabalho

  • imagem de sobrevivência


Texts linked to the work Survival Image

    Ao vermos centenas, ou milhares de vezes, as imagens que desfilam em nossas telas, elas perdem a sua força, nos esgotam ao se esgotarem e, dessa maneira, renunciam às suas superestimadas qualidades de novidade, de instantaneidade e de impacto. As imagens em circulação tornam-se rapidamente obsoletas.

    A artista Rosângela Rennó compra, em mercados de pulgas, coleções particulares de slides — populares no século 20 — que eternizam viagens, férias e acontecimentos do cotidiano. Depois as insere em carrosséis que se sobrepõem nas estantes e as projeta em loop, para que, depois de certo tempo, as imagens se apaguem, queimadas pela luz intensa dos projetores. Rennó então os substitui por um jogo novo de slides semelhantes, que simbolicamente lhes permitem sobreviver a eles mesmos. Ela esgota, assim, as representações de um mundo passado, utilizando um meio obsoleto que teve o seu momento de glória na cultura popular há poucas décadas. As memórias visuais de todos esses fotógrafos amadores, depois de descartadas, ganham uma segunda vida através desta instalação inspirada nos escritos do poeta brasileiro Manoel de Barros, nos quais os objetos desprezados e hoje inúteis são reciclados e transformados em material poético. Através do título, o trabalho de Rosângela Rennó também homenageia o álbum Música de sobrevivência do musicista carioca Egberto Gismonti.


    PONSA, Marta. Rosângela Rennó. In SZENDY, P.; PONSA, M. Le supermarché des images. Paris: Éditions Gallimard/Jeu de Paume, 2020, p. 294.