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espelho diário, 2001

Daily Mirror, 2001
video-instalação com duas telas de projeção, som, diário-colagem em vitrine e auriculares para escutar o “introito”
locução do Intróito em português: Cid Moreira
edição de video: Fernanda Bastos
assistência de edição: Isabel Vidor
finalização de som: O Grivo
121’
video installation with two screens, sound, one display with collage-diary and headphones for listening to the “Introit”
introit’s voiceover in portuguese: Cid Moreira
video editing: Fernanda Bastos
editing assistant: Isabel Vidor
sound mixing: O Grivo
121’


(...) Espelho diário (2001) é um dos raros trabalhos em que Rosângela Rennó somou os papéis de pesquisadora, arquivista e editora ao de atriz. Diante de uma câmera de vídeo, ela encenou pequenos monólogos baseados em biografias de 133 Rosângelas, incluindo ela própria e mulheres homônimas que identificou em matérias de jornais populares por oito anos. No campo audiovisual, fruto da parceria com a escritora Alícia Duarte Penna, o autorretrato da artista funde-se às etnografias, tornando seu corpo e sua imagem suportes para radicais disparidades. “Pelejava para se ver no espelho, una, cabeça-tronco-membros, mas qual! Qual! Eram miríades! Seu espelho, um caleidoscópio”, afirma o introito gravado pelo jornalista Cid Moreira com sua voz célebre e pomposa. 

A presença de Rosângela Rennó traz à tona seu desejo de exercer uma agência social, evidenciando ainda mais aquilo que ela já faz quando atua apenas nos bastidores, nas engrenagens, nos abismos. Essa mesma presença, contudo, ajuda a continuar pensando que o hábito de agenciar, ou seja, de deflagrar processos articulando alteridades, não pode existir desatrelado do exercício de se perceber e implicar como feixe de leitura. Esse e outros trabalhos da artista prestam lições fundamentais sobre o fato de que tanto espelhos ampliam seu alcance em visões caleidoscópicas, quanto caleidoscópios exigem a posição política e ética de se autoespecular. (...)


MAIA. Ana Maria. Seu espelho, um caleidoscópio (excerto de texto). In Rosângela Rennó: pequena ecologia da imagem. São Paulo: Pinacoteca de São Paulo, 2021, pp. 9- 35.
(…) Espelho diário [Daily Mirror] (2001) is a rare work in which Rosângela Rennó added the roles of researcher, archivist, and editor to that of an actress. In front of a video camera, she staged short monologues based on the biographies of 133 Rosângelas, including herself and homonymous women she found in tabloid articles over an eight-year period. In the audiovisual work, fruit of a partnership with writer Alícia Duarte Penna, the artist’s self- portrait merges with ethnographical narratives, so that her body and image underpin radical disparities. “She struggled to see herself in the mirror as one, head, body and limbs, but no! They were myriads! Her mirror was a kaleidoscope,” states the introduction recorded by journalist Cid Moreira with his famous resounding voice. 

Rosângela Rennó’s presence brings to the surface her desire to carry out some form of social agency, evincing more and more what she already does when she acts only behind the scenes, in the engine-room—in the abyss. This very presence, however, keeps us thinking that the act of brokering, i.e., of triggering certain processes by articulating otherness, cannot exist without the exercise of perceiving and implicating oneself as an interpretive focus. This and other works by the artist provide a fundamental lesson: mirrors broaden their range in kaleidoscopic visions, and kaleidoscopes require a political and ethical attitude of self-speculation. 


MAIA. Ana Maria. Her mirror, a kaleidoscope (text excerpt). In Rosângela Rennó: Little Ecology of the Image. São Paulo: Pinacoteca de São Paulo, 2021, pp. 9- 35.


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