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cartologia, 2000

Cartology, 2000
impressões fotográficas em processo cromogênico, laminadas e emolduradas, mesa estilo império e álbum de fotografias, pilaretes e cordão de isolamento
300 x 300 x 100 m


laminated and framed Photographic C-prints, imperial style table, photographic album, bollards and cordon
300 x 300 x 100 m


(…) Os objetos de época atravessam o tempo como vestígios parciais das realidades que os abarcaram, enquanto também acumulam narrativas e imaginários só depois convencionados. Também em 2000, quando o marco dos 500 anos da chegada dos portugueses reavivou um ambiente de debate, Rennó produziu Cartologia. A instalação cria uma alegoria do Brasil colonial a partir da articulação de elementos simbólicos, alguns históricos e outros contemporâneos. Sua base é feita com fotografias de detalhes de peles de diferentes tonalidades sobrepostas umas às outras. No topo do conjunto, uma mesa de estilo império apoia um álbum robusto, cuja capa contém o mapa do país feito em marchetaria com sete espécies de madeiras nativas. A hierarquia desse empilhamento representa de forma esquemática como o colonialismo fundou uma ideia de Brasil baseada na espoliação de recursos e na exploração de trabalho de indígenas e, principalmente, de africanos escravizados. A alegoria, pois, abarca o fruto do extrativismo sem remeter à floresta enquanto fonte; aborda a força produtiva, mas prescinde de detalhar identidades. (…)


MAIA. Ana Maria. Seu espelho, um caleidoscópio (excerto de texto). In Rosângela Rennó: pequena ecologia da imagem. São Paulo: Pinacoteca de São Paulo, 2021, pp. 9- 35.
(…) Period objects are brought through time as partial remains of the realities that encompassed them, while they also accumulate narratives and imaginaries which only become conventional later on. In 2000, when the 500th anniversary of the arrival of the Portuguese stirred an atmosphere of debate, Rennó produced Cartologia [Cartology]. The installation creates an allegory of colonial Brazil by juxtaposing symbolic elements, some of which are historical while others are contemporary. Its basis is made of superimposed close-up photographs of different shades of skin. At the top of the set, an empire-style table props up a sturdy photo album, whose cover shows a map of Brazil in marquetry made with seven kinds of native wood. The hierarchy of the stack represents in a schematic way how colonialism founded an idea of the country based on the plundering of resources and the exploitation of the labor of indigenous people and especially of enslaved Africans. The allegory, therefore, encompasses the fruit of extractivism without referring to the forest as a source; it addresses the productive force, but does not detail its identity. (…)


MAIA. Ana Maria. Her mirror, a kaleidoscope (text excerpt). In Rosângela Rennó: Little Ecology of the Image. São Paulo: Pinacoteca de São Paulo, 2021, pp. 9- 35.


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