book title
date
- 1551-2020, 2023
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good apples | bad apples, 2023
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aucune bête au monde [nenhum animal no mundo], 2019
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good apples – bad apples [from Z to A], 2019
- coração das trevas, 2019
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my book of nepali little shrines [and some words to live by in the dawn of the 21st century], 2018-2020
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the great gallery of mesmerizing extreme happiness, 2018-2019
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#rioutópico [em construção], 2018
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espírito de tudo, 2017
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Río-Montevideo, 2015
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Alice através do espelho e o que ela encontrou lá, 2015
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todo aquello que no está en las imágenes, 2014
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menos-valia [leilão], 2013
- A01 [cod.19.1.1.43] — A27 [s|cod.23], 2015
- venetian tour scrapbook, 2009-2010
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mamãe e eu, 2009
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2005 – 510117385 – 5, 2008 – 2009
- espelho diário, 2008
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a última foto, 2006
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apagamentos, 2005
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Rosângela Rennó: o arquivo universal e outros arquivos, 2003
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bibliotheca, 2003
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matris lingua, 2001
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Pensamientos de la frontera, 1997
- o grande livro do Adeus, 1990
1551-2020, 2023
21 x 18 cm (fechado) | 140 pp. + uma folha anexa
pesquisa e edição de imagens por Rosângela Rennó
fotos de Rosângela Rennó e Julia Rennó
projeto gráfico de Daniela Seixas e Beni Conrad
encadernação japonesa por Alessandra Lagun
editado pela artista
edição única
português
21 x 18 cm (closed) | 140 pp. + one enclosed sheet
research and image editing by Rosângela Rennó
photos by Rosângela Rennó and Julia Rennó
graphic design by Daniela Seixas and Beni Conrad
japanese binding by Alessandra Lagun
edited by the artist
unique edition
Portuguese
© estúdio Rosângela Rennó
© estúdio Rosângela Rennó
© estúdio Rosângela Rennó
© estúdio Rosângela Rennó
© estúdio Rosângela Rennó
© estúdio Rosângela Rennó
© estúdio Rosângela Rennó
Os chineses, sempre muito atentos às boas oportunidades, já faziam comércio por lá pelo menos mil anos antes da chegada do frade português e foi com ideogramas que escreveram boa parte da história daquele reino próspero e construtor. Sabemos que da Índia vieram a iconografia, arte, a arquitetura, além do Hinduísmo e do Budismo, que ensinaram aquele povo a suportar os ciclos de destruição e reconstrução, ao longo de muitos séculos.
Durante os anos 1990 era comum ver centenas de vítimas das minas terrestres, principalmente crianças, dentro e fora dos templos de Angkor, mendigando alguns trocados dos turistas ocidentais que finalmente redescobriam as maravilhas arquitetônicas do antigo reino. Hoje, aqueles indivíduos não estão mais lá, exceto um ou outro, adulto, com uma boa prótese num braço ou numa perna, promovido a guia turístico, para sutilmente nos relembrar um passado cruel e muito recente. Hoje, ao circular pelos templos, é necessário abstrair-se, física e mentalmente, das hordas de turistas ávidos pelas melhores selfies, para fixar o olhar sobre algo que parece estar eternamente entre o reconstruir e o desabar.
No final da primeira década do século 21, uma outra grande calamidade se abateu sobre boa parte do Camboja, em particular sobre a costa, incluindo a cidade que carrega o nome de seu penúltimo rei, Sihanouk, o ‘pai da pátria’. A voracidade com que os chineses invadiram aquelas belas praias para transformá-las em seu recanto de lazer é algo que salta aos olhos. Um grande poeta e compositor brasileiro me inspirou e pensei: Ai, essa terra ainda vai cumprir sua sina. Ainda vai tornar-se uma pequena China. Ao conhecer os belos templos de Angkor e o balneário de Sihanoukville, não sei o que responder aos meus olhos, se o melhor já se foi ou ainda está por vir.
Rosângela Rennó, 2023